“Ao trabalhar com uma criança que está passando por grandes emoções, primeiro tento ficar curioso sobre o que ela está vivenciando. Eu poderia dizer algo como: ‘Parece que você está se sentindo realmente frustrada’. Ou eu poderia convidá-la para me dizer o que está sentindo: ‘Você sente essa emoção em seu rosto? Ou nas suas mãos? Ou na sua barriga? Você quer tentar respirar fundo algumas vezes comigo? Muito bem!’ Eu sempre os elogio por essa consciência de sua paisagem interna.”
Esse trecho é parte de um texto cheio de boas ideias, publicado por Andrew Jordan Nance, na Mindful Schools. Há alguns anos fiz um curso online para educadores nesta escola e foi muito bonito ver a rede de apoio que eles criaram. São pessoas interessadas em ensinar atenção, bem-estar e compaixão na sala de aula. Tem algo mais importante do que isso?
Nos últimos meses, além de estar imersa no curso das emoções, ofereci um curso presencial numa escola pequena e aconchegante em São Paulo. É sempre uma alegria trabalhar com professores: a ideia de oferecer ferramentas para que cada pessoa ali naquela sala possa melhorar sua vida e ainda consiga contribuir positivamente na vida de outros pequenos seres… Isso é incrível!
Tenho observado curiosa como a gente pode trazer práticas mais corporais para esse trabalho de equilíbrio emocional. Sim, porque a raiva tem uma ação imediata no meu corpo, assim como tem a saudade, a tristeza, a alegria… E olhar para as sensações que as emoções nos trazem é um ótimo começo de conversa.
É como se fizéssemos um convite a nós mesmos: chamamos nossas emoções para uma conversa mas antes recepcionamos ele… O corpo! Investigo como minha voz muda quando estou triste (e como minha mãe é capaz de perceber quando digo “alô” ao telefone). Percebo que meu ciúme é cheio de energia para a ação, mas minha culpa me retrai. Fico miúda, calada, passiva. Podemos passar um dia inteiro olhando para cada momento em que somos tomados fisicamente por essas experiências (que, na maioria das vezes, nem foram convidadas).
Então, pela primeira vez, num curso numa escola, experimentei me permitir chamar o corpo dos outros para essa conversa. Fizemos um exercício muito simples e cheio de significados: em duplas, enquanto uma pessoa permanecia deitada, em savasana, outra passeava com saquinhos cheios de água pelo corpo imóvel da colega. Quantas sensações esquisitas os corpos percebem: a água que passeando assim parece líquida demais, molenga ao extremo, gelada e instável… Assim como tantas emoções indesejadas e que nos tomam diariamente, sem que a gente nem perceba.
Ao chamar o corpo de um educador para essa experiência, abro a possibilidade de ele apontar para isso em sala de aula a partir de sua própria vivência. Somos ainda muito teóricos! Na educação, nas universidades, na vida… Não vai bastar entender que posso convidar meu aluno para investigar essa emoção em seu corpo. É preciso que a gente experimente.
Como chega essa emoção no meu corpo? Por onde ela se move? Que sensações vêm junto dela? O que ela quer que eu faça? Viramos, então, investigadores curiosos de nossas próprias vidas (assim como são os filhos e as filhas do fotógrafo Alain Laboile).
Se esse assunto te interessa…
Duas vezes por ano, Nathália e eu abrimos as vagas para o curso das emoções! Raiva, tristeza, medo, ansiedade, inveja e muito mais: juntos, investigamos um caminho para lidarmos com mais lucidez com as emoções dolorosas e inevitáveis.
No segundo semestre de 2020, vamos abrir mais uma turma (e podemos te avisar antes de todo mundo)! É só deixar seu email no link abaixo!